A comunidade da Uenf está em processo eleitoral para os representantes que irão conduzir os rumos da universidade pelos próximos quatro anos. E a Delegacia Sindical Sintuperj-Uenf, em iniciativa histórica, promoveu na manhã da última quinta-feira, 15/08, debate com os representantes das três chapas envolvidas na disputa. Neste encontro, realizado no auditório do Centro de Ciências do Homem (CCH), os servidores técnico-administrativos da instituição puderam conhecer melhor as propostas das chapas e o histórico de cada um dos candidatos envolvidos no pleito.
O debate foi conduzido pela delegada sindical Maristela de Lima Dias, que também ficou responsável por apresentar questionamentos formulados pela Delegacia Sindical Sintuperj-Uenf e perguntas vindas da plateia.
O primeiro turno das eleições para a reitoria da Uenf estão marcadas para os dias 31/08 (nos polos do Cederj) e 03/09 (nos campi da universidade em Campos dos Goytacazes e Macaé). Caso seja necessária a votação em segundo turno, as datas agendadas para a votação são os dias 14/09 (nos polos do Cederj) e 17/09 (nos campi Uenf em Campos e Macaé).
Confira um perfil apresentado pelas chapas no primeiro momento do debate, as considerações iniciais.
Chapa 10: Cada vez mais Uenf – Inovadora e participativa – candidatos Raul Palácio (reitor) e Rosana Rodrigues (vice)
Os candidatos se apresentam para a comunidade Uenf como a chapa de continuidade da atual gestão, do reitor Luís Passoni, apontando a importância de manter a aumentar as conquistas obtidas na atual gestão, como parcerias público/público, os convênios firmados (como os para atendimentos médico e psicológico em setores específicos da instituição). Os mesmos destacaram como pautas prioritárias a valorização do servidor técnico-administrativo, a continuidade nas diversas ações de recuperação da estrutura da universidade, as obras em ambientes nos quais as condições de trabalho eram consideradas insalubres (como Colégio Agrícola e Unidade de Apoio à Pesquisa – UAP).
Os candidatos entendem que a Uenf deve manter a política de valorização dos técnicos, com a manutenção dos mesmos em cargos com exigência de nível técnico, e que são necessários investimentos na qualificação do corpo técnico da instituição (o que não foi possível na atual gestão), além da necessidade de aumentar a representatividade das categorias e de manter as portas abertas para o diálogo com as representações de classe. A chapa apontou a importância de garantir o repasse dos duodécimos constitucionais por parte do Governo do Estado para garantir os investimentos necessários para a Uenf. Raul e Rosana apresentaram como preocupação para a próxima gestão a implantação de uma política efetiva de saúde do trabalhador, com a possibilidade de realização dos exames de trabalho na própria instituição.
Chapa 11: Avança Uenf – candidatos Carlos Rezende (reitor) e Juraci Aparecido (vice)
A chapa se apresentou apontando como principal alicerce para a formação de recursos humanos na Uenf os investimentos na qualidade do corpo técnico junto às atividades laboratoriais e práticas de apoio, ressaltando que são práticas indissociáveis. Destacou a importância de aproximar os estudantes e as comunidades envolvidas nos cursos de ensino à distância, com iniciativas e programas voltados a estas. Alguns pontos elencados como prioritários por Carlos e Juraci foram a recomposição salarial dos servidores, o fortalecimento dos programas de permanência estudantil e a necessidade de recomposição do quadro de servidores, já que haverá nos próximos anos uma quantidade grande de trabalhadores se aposentando.
Os candidatos ainda apontaram a importância de se acabar com o estigma criado contra os movimentos de trabalhadores, que é responsabilizado pela evasão de estudantes da Uenf. De acordo com os candidatos, é preciso adotar políticas de gestão que modernizem a universidade e garantam os parâmetros de qualidade da instituição, este sim apontado como o grande fator de evasão estudantil.
Chapa 12: Uenf Renova – candidatos Enrique Medina (reitor) e Rodrigo Tavares (vice).
Os candidatos da chapa se apresentaram como uma alternativa para a comunidade da Uenf, justificando que entendem que algumas decisões administrativas, principalmente no momento de crise, foram tomadas de maneira açodada nas instâncias da instituição. De acordo com Enrique e Rodrigo, há uma preocupação com a desmotivação dos servidores públicos, reflexo da falta de uma política institucional de recursos humanos que seja atrativa para técnicos e docentes, com possibilidade de valorização funcional e qualificação.
Os candidatos destacaram a necessidade de se rediscutir o Plano de Cargos e Vencimentos da universidade, tendo como base a discussão sobre qual o perfil de servidor necessário para aumentar o potencial da Uenf. Os mesmos finalizaram as considerações iniciais ressaltando a necessidade de se valorizar os potenciais regionais da universidade junto aos diversos setores produtivos das cidades nas quais a Uenf está inserida.
Candidatos das chapas respondem questionamentos do Sintuperj
Um dos principais momentos do debate foi a sabatina promovida pela Delegacia Sindical Sintuperj-Uenf, que elaborou questionamentos para serem respondidos igualmente pelos candidatos a reitor e vice-reitor. Confira as perguntas feitas e as respostas das chapas:
Em 2014, uma intensa e dramática negociação com o governo, para reposição de perdas salariais das categorias dos servidores docentes e técnico- administrativos, criou duas situações que, aos olhos desse sindicato, foram: um prejuízo financeiro para a maioria dos servidores, em especial aos que tem os menores salários, e um prejuízo nas relações internas entre docentes e técnicos.
Àquela ocasião, em que se detinha uma pequena fatia do bolo financeiro do Estado para ser dividida, alguém definiu que alguns servidores mereciam receber 14,5% de reposição das perdas salariais e outros 39%. Hoje, quando se toca nesse assunto, os que se sentem contrariados com essa indagação teimam em justificar o ocorrido pela desunião das categorias, o que não é de todo uma inverdade. Outros dizem que a ordem era não dar aumento para os técnicos, só para os docentes. Mas, considerando que o reitor da universidade possui como missão em seu cargo, de trabalhar pelo bem da instituição como um todo, não teria o mesmo que ter interferido nessa negociação, chamando as representações para uma discussão interna e definindo um valor justo para todos?
Diante desse resumo histórico a pergunta é: Assim que tomar posse como reitor o que o senhor fará para corrigir esse erro, que se tornou uma injustiça?
Chapa 10: Existe na Alerj um projeto em negociação para aprovar a isonomia e equiparar os salários das categorias da pasta de Ciência e Tecnologia (Uenf, Uerj e Faetec). Outro ponto é estabelecer diálogo amplo com o Sintuperj para entender qual caminho a categoria quer seguir em relação ao PCV. Os representantes da chapa apontaram que um trabalho feito de forma errada pela reitoria e pelo Sintuperj nas negociações na Alerj em 2014 causou a diferenciação nos reajustes salariais.
Chapa 11: Classificou como um problema residual de administrações anteriores, mas apontou que seria praticamente impossível recuperar o que foi perdido nesses últimos cinco anos por parte da categoria. Algumas categorias, mesmo com o Regime de Recuperação Fiscal do Governo do Estado, conseguiram corrigir problemas em seus planos. É importante lutar pela manutenção do PCV e a unidade entre as categorias da Uenf.
Chapa 12: É necessário se debruçar no Plano de Cargos e Vencimentos, para corrigir esses problemas que foram criados com a quebra de isonomia.
Nesses 26 anos de Uenf existem algumas condições de trabalho e de local de trabalho que persistem afetando diretamente os trabalhadores, com condições insalubres ou os colocando em situação de risco. Hoje dependemos do Governo do Estado para contratação de uma empresa para avaliar se o local e as condições de trabalho são insalubres e o direito ou não à receber o adicional de insalubridade ou periculosidade. Por consequência, temos servidores trabalhando no mesmo local e realizando as mesmas tarefas do colega que recebe insalubridade, mas ele não pode receber por que não possuem o laudo que o ateste.
Qual a dificuldade hoje de se implantar o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMET)? De que forma o senhor pretende sanar essa dificuldade, e tornar prioridade do seu mandato, a implantação do mesmo?
Chapa 10: A atual gestão reconhece sua responsabilidade nesse problema, mas nos últimos três anos a reitoria se debruçou para tentar resolver esse tema. Estão sendo tentadas parcerias com a Faculdade de Medicina da UFF, com a Prefeitura de Campos e com o Corpo de Bombeiros para aproximar o atendimento aos servidores. É necessário constituir a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
Chapa 11: A saúde do trabalhador é de responsabilidade da administração central da Uenf, e a diferenciação entre os servidores causa um incômodo. É necessário atuar de maneira mais intensa junto ao jurídico para que esse problema seja resolvido no Judiciário, mas o trabalho também pode ser feito no Executivo e no Legislativo, além das questões que podem ser resolvidas internamente.
Chapa 12: A prestação de serviço especializado em saúde do trabalhador é necessária e não está funcionando por falta de planejamento da gestão. É importante que a universidade reconheça suas dívidas e elenque quais áreas serão prioritárias para investimentos.
Vivemos um momento de ascensão do autoritarismo e a Universidade, por conta de seu papel histórico, enfrenta hoje uma série de difamações absurdas contra o seu papel, em detrimento das contribuições para o estado democrático e para a solução dos principais problemas brasileiros da atualidade. No que tange a educação pública, ou seja, gratuita, sabemos que o que está em jogo não é só o projeto da educação em si, mas o futuro de uma sociedade, a herança que deixaremos para nossos filhos e netos, para as próximas gerações, fazendo-se necessárias todas as formas de resistência diante daqueles que querem acabar com as universidades públicas.
Dessa forma, entendemos que a não reposição das vagas de servidores técnico-administrativos e considerando a necessidade de mão de obra para manter em pleno funcionamento o tripé ensino, pesquisa e extensão, a falta de concursos implicará na terceirização desses serviços, contribuindo para a caminhada rumo à privatização das universidades. Como o senhor pretende resolver a situação da reposição de vagas para técnicos?
Chapa 10: Se a Uenf seguir os anseios do governo não haverá concurso. O quadro de servidores já iniciou sua recomposição, com a realização de concursos para a ocupação de vagas ociosas, e os concursos docentes foram realizados primeiro por serem um processo mais fácil. Os membros da chapa, neste ponto, discordaram da fala que aponta desmotivação dos servidores, pois os mesmos estão se dedicando para garantir o funcionamento da Uenf. Para os candidatos, os laboratórios e setores precisam apontar suas necessidades.
Chapa 11: Esse é o grande desafio da universidade, não só como recomposição de quadros mas também a adoção de especialidades que não existem nos quadros da Uenf. Não tem que se pensar em contratar uma empresa para realizar os concursos necessários, mas a própria universidade pode dar conta disso com a montagem de uma banca técnicos qualificados da casa e convidados de outras instituições.
Chapa 12: As vagas de reposição de técnicos e de docentes tem o mesmo peso como prioridade institucional. É necessário negociar com o Governo do Estado para a criação de um plano de reposição dos quadros funcionais da Uenf, apontando a importância de reforçar nessa negociação a manutenção de um quadro mínimo de servidores comprometidos com a instituição nesse momento de crise.