Neste dia 13 de maio, completam-se 133 anos da assinatura da Lei Áurea, evento que marca o fim oficial da escravidão do povo negro no Brasil. No entanto, é necessário salientar que esse “fim da escravidão”, que foi demarcado por um documento com letras frias assinado no ano de 1888, não significou e até hoje não significa que o povo negro tenha conquistado o respeito, e igualdade de condições e a garantia de direitos que são necessárias para que tenhamos uma sociedade considerada justa.
Apesar do clima de festa que se fez nos dias após a assinatura da Lei Áurea, a realidade do povo negro se mostrou muito mais dura do que a liberdade que se desenhava. Em localidades remotas, a Lei Áurea seguiu sendo sistematicamente desrespeitada, com relatos de fazendas utilizando seguidamente trabalho escravo ou mantendo pessoas em regime análogo à escravidão. Essa prática ainda teima em persistir até os dias atuais, mesmo com toda a rede de informações e combate ao trabalho escravo no Brasil (que atualmente está sendo severamente atacada e sofrendo desmonte por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro).
Outro ponto precisa ser elencado quando se trata das dificuldades do povo negro na sociedade e no mundo do trabalho. Os negros não tiveram qualquer reparação pelos séculos de domínios, agressões e violências sofridas por parte de seus “senhores”, o que se reflete em situações basilares como moradia (a criação das favelas se deu basicamente pela negação do direito à moradia digna a negros e pobres), educação (o índice de analfabetismo entre os negros é o triplo registrado entre os brancos no Brasil) e saúde (uma criança negra tem 60% mais chances de morrer de uma doença infecciosa e parasitária do que uma criança branca; e a expectativa de vida dos brancos no Brasil é 2,2 anos maior do que dos negros – 75,3 anos contra 73,2 anos).
Toda essa série de segregações, violências e abandonos se reflete quando é analisada a participação dos negros no mundo do trabalho. De acordo com dados do IBGE do ano de 2019, o percentual de desempregados negros era cerca de 30% maior em comparação aos brancos (14,7% contra 10%); também existem impactos na remuneração, pois os negros recebem cerca de 65% do salário dos brancos no desempenho de tarefa semelhante; e em relação a cargos de chefia, dados de 2021 mostram que os negros ocupam menos de 5% dos postos executivos no país. Mesmo com toda a luta do povo negro, para conquistar um lugar digno na sociedade é necessário muito mais.
Neste dia 13 de maio, é necessário refletir sobre os privilégios existentes na sociedade brasileira. É importante entender que as reivindicações do povo negro não são “choro, mimimi ou lacração”. Todo povo que passou por quase 400 anos de escravidão e até hoje sente na sua pele e na de seus descendentes todos os seus efeitos tem o direito de levantar sua voz e reivindicar seus usos, costumes, culturas. E também tem a necessidade histórica de liberdade, de respeito e de dignidade! Por esses e muitos outros aspectos, o Sintuperj exalta o povo negro nesta data emblemática, sempre afirmando sua posição em defesa da justiça e da igualdade!
Fontes de pesquisa:
História – O destino dos negros após a Abolição
https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28
VIDAS NEGRAS IMPORTAM? Racismo institucional afeta saúde e diminui expectativa de vida dos negros ao dificultar acesso a tratamentos
https://www.uol.com.br/vivabem/reportagens-especiais/saude-da-populacao-negra/#cover
A expectativa de vida de negros e brancos, nos EUA e Brasil
https://ceert.org.br/noticias/saude/25297/a-expectativa-de-vida-de-negros-e-brancos-nos-eua-e-brasil
Negros ocupam cargos com menor remuneração no mercado de trabalho
Pretos no topo: índice mostra que negros são minoria em cargos de chefia