Uma comissão de parlamentares do Congresso Nacional visitou a Uerj na manhã desta segunda-feira, 25/09, com o objetivo de prestar solidariedade à Universidade e propor alternativas para que a instituição possa enfrentar o cenário de crise financeira imposto pelo Governo do Estado, que provoca dificuldades à comunidade uerjiana. O senador Lindbergh Farias (PT) e os deputados federais Benedita da Silva (PT), Jandira Feghali (PCdoB), Glauber Braga (PSOL) e Celso Pansera (PMDB) foram recebidos pelo reitor Ruy Garcia Marques e por demais membros da Administração Central e debateram as necessidades atuais da Uerj.
Na reunião realizada na reitoria da Universidade, o reitor contou com o auxílio da vice-reitora, Maria Georgina Muniz Washington, dos pró-reitores, dos diretores de centros setoriais e de representantes das categorias de técnico-administrativos e discentes para apresentar aos parlamentares um quadro das atuais dificuldades enfrentadas pela Uerj para manter suas atividades em pleno funcionamento. De acordo com o reitor, o déficit financeiro da instituição gira em torno de 90 milhões de reais, e atinge diretamente as políticas de assistência estudantil, os serviços prestados pelas empresas terceirizadas (que estão há vários meses sem receber por conta da falta de repasses do Governo do Estado) e o abastecimento de insumos para diversos setores da Uerj, incluindo o Hospital Universitário Pedro Ernesto, que se mantém em funcionamento atualmente por conta de um arresto obtido judicialmente.
Durante pouco mais de uma hora, os parlamentares congressistas apontaram possibilidades para que os representantes da Uerj sensibilizem a bancada do estado do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados e os outros dois senadores com mandato. Alguns dos caminhos apontados foram a ida de representantes da Universidade à Brasília para que sejam realizadas visitas aos gabinetes, a participação na reunião da bancada fluminense na Câmara, espaço que conta com a presença dos 46 deputados federais, para a produção de emendas com base nas principais necessidades da comunidade uerjiana (políticas de assistência estudantil, manutenção dos serviços básicos e funcionamento de setores como o Hospital Universitário Pedro Ernesto e Policlínica Piquet Carneiro), que devem ser encaminhadas individualmente aos congressistas e também para a bancada estadual.
Coordenadores do Sintuperj denunciam atrasos de salários para congressistas
Durante a reunião, a representação do Sintuperj que se fez presente também chamou a atenção para questões referentes aos servidores técnico-administrativos, que estão com salários atrasados e sem perspectiva de pagamentos por parte do Governo do Estado. O coordenador geral Jorge Luis Mattos de Lemos (Gaúcho) ressaltou que mesmo que sejam obtidos os recursos para a manutenção das universidades estaduais, os atrasos de salários trazem prejuízos para a instituição pois os trabalhadores não terão como desenvolver suas atividades e nem mesmo chegar ao seus postos de trabalho. Jorge Gaúcho ainda afirmou que os servidores públicos da esfera federal, mesmo com a crise enfrentada por essas instituições, tiveram seus salários pagos em dia, diferente do ocorrido com os trabalhadores das universidades públicas estaduais. Finalizando sua fala, o coordenador do Sintuperj solicitou aos parlamentares que denunciem essa situação de descaso para todo o Brasil, apontando que não há uma melhoria no horizonte mesmo com a assinatura do Regime de Recuperação Fiscal firmado pelo Rio de Janeiro junto ao Governo Federal.
A também coordenadora Regina de Souza fez uma explanação em defesa da Uerj, apontando sua vanguarda como instituição na adoção de iniciativas que contemplam as camadas menos favorecidas da sociedade que têm o sonho de concluir um curso universitário, como a primeira universidade pública a fornecer cursos noturnos para atender o estudante-trabalhador e a implementar o sistema de reserva de vagas (cotas).
Complementando as falas dos coordenadores do Sintuperj, o reitor Ruy Garcia Marques ressaltou que além dos atrasos de salários há o problema da ausência de um calendário de pagamentos e repasses que garanta tranquilidade aos servidores, estudantes e à Administração Central da Uerj. Em resposta, os parlamentares recomendaram que a reitoria questione o Governo do Estado sobre a execução do orçamento e a efetivação dos repasses, o que aumentaria o grau de sensibilidade para que as demandas da Universidade fossem atendidas em âmbito federal.