O Teatro Odylo Costa, filho, da Uerj, foi palco na manhã desta terça-feira, 10/03, do seminário “Políticas de Álcool e Outras Drogas e a População em Situação de Rua: Avanços e Retrocessos”, promovido pelo Fórum Permanente sobre População Adulta em Situação de Rua do Rio de Janeiro. O evento, que contou com mais de 900 inscritos, abordou maneiras de estabelecer diálogo com essa parcela da população que é invisibilizada pela sociedade, com o desenvolvimento de campanhas que possam estimular a criação de políticas públicas que superem o preconceito contra os moradores de rua.
O evento teve início com a composição da mesa de abertura, na qual estiveram presentes as professoras Cátia Antônia da Silva, representando a Administração Central da Uerj, e Dirce Eleonora Nigro Solis, diretora setorial do Centro de Ciências Sociais da Universidade; Hilda Corrêa de Oliveira, assistente social e ex-presidente do Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro – 7ª Região; e Ana Lúcia da Silva, Coordenadora do Fórum Interinstitucional de Atenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas do Estado do Rio de Janeiro.
Após o encerramento a mesa de abertura, o poeta do coletivo Os Suculentas Eric Melo Braga foi convidado para o palco e fez uma intervenção poética sobre a vida de quem mora na rua e seus percalços, arrancando aplausos da plateia.
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A primeira mesa de debate, com o tema “Perspectivas do cuidado em saúde mental e uso prejudicial de álcool e outras drogas”, contou com a participação das palestrantes Rita Cavalcante, Assistente Social, Doutora pela UFRJ e Professora da Escola de Serviço Social da UFRJ; e Beatriz Brandão dos Santos, Doutora em Ciências Sociais pela PUC-Rio, pós-doutoranda em Sociologia pela USP e pesquisadora do IPEA (Instituto de Política Econômica Aplicada) na pesquisa nacional sobre metodologias de cuidado a usuários problemáticos de drogas. As convidadas, mediadas por Ana Lucia da Silva, apresentaram dados colhidos em seus trabalhos para nortear possíveis caminhos para que seja feito o trabalho de aproximação, acolhimento e tratamento dos moradores de rua usuários de álcool e outras drogas.
O evento foi fechado com a segunda mesa de debate, de tema “A vida na rua e as experiências em Redução de Danos”, que contou com a participação de Valeska Holst Antunes, médica pela PUS/RS e atuante em estratégia de Saúde da Família voltada para consultório de rua; Lídia Marins Teixeira, psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS AD III Mírian Makeba, localizado no bairro de Ramos; e Lorani Sabatelly Rodrigues, que é travesti e agente de promoções de saúde do CAPS AD III Mirian Makeba. Mediadas pelo assistente social e membro da coordenação do Fórum sobre População Adulta em Situação de Rua, Marcelo Jaccoud da Silva, as convidadas apresentaram em seus relatos as experiências obtidas com a prática de ações de cuidado, amparo e redução de danos, tendo como visão o lado profissional e também como pessoa assistida, como no caso de Lorani, que está recebendo tratamento há dois anos e naturalmente passou a trabalhar contribuindo com o Centro de Atenção no acolhimento de pessoas em situação vulnerável.
Além das palestras, também foram realizados o lançamento do livro “Flores Amarelas: um olhar sobre quem mora na rua”, escrito por Marcelo Jaccoud da Costa; exposições de fotos do projeto Yoga de Rua e do Concurso Cidadania em Situação de Rua; e do Cartas de Rua, do projeto Ruas. Também foi distribuída a Cartilha de Direitos do Cidadão em Situação de Rua, produzida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro em conjunto com o Fórum Permanente de População Adulta em Situação de Rua, a Defensoria Pública e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
O problema das pessoas em situação de rua é um dos principais dramas das grandes cidades brasileiras e tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, devido ao cenário de crise e falta de oportunidades e postos de trabalho. Com o seminário, o Fórum busca apresentar a visão de que é necessário quebrar o preconceito contra essa parcela da sociedade que é invisibilizada. De acordo com o argentino Jorge Muñoz, mestre em Filosofia da Educação pela Fundação Getúlio Vargas e que trabalha com políticas de inclusão de pessoas em situação de rua desde 1983, “ninguém mora na rua porque gosta”. É importante defender que as pessoas em situação de rua precisam ser vistas como cidadãos e ter seu protagonismo estimulado, para que possam vencer os processos estruturais de exclusão da sociedade.
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