O Pré-Vestibular Social do Sintuperj estabeleceu na manhã da última terça-feira, 28/02, um grande passo para a ampliação de suas políticas de inclusão e colaboração com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Uerj. Em parceria com as Pró-Reitorias de Extensão de Cultura (PR-3) e de Políticas e Assistência Estudantil (PR-4), e também com a Universidade Indígena Aldeia Marak’anà, o projeto organizado pela Coordenação de Formação e Comunicação Sindical recebeu a inscrição de 05 (cinco) estudantes indígenas que irão se preparar para os concursos de vestibular durante o ano de 2023.
A iniciativa surgiu durante a realização da 31ª edição do evento Uerj Sem Muros, realizado em novembro de 2022, e que na ocasião abordou o tema “Amazônia: Vida e Preservação”. Por intermédio do estudante de graduação em Artes Visuais da Uerj e servidor da PR-3 George Magaraia, a comunidade da Universidade Indígena Aldeia Marak’anà foi convidada para participar dos espaços de debate, além de apresentar à universidade a forma de organização dos povos que a constituem e suas culturas. Magaraia frequenta há 12 anos a aldeia e se tornou um dos facilitadores de diálogo entre o espaço de organização indígena e a Uerj. Dessa participação e facilitação de diálogo, surgiu a iniciativa por parte da Pró-Reitora de Políticas e Assistência Estudantis, Catia Antonia da Silva, estabeleceu uma série de conversas com a Diretoria Executiva do Sintuperj e com seu Pré-Vestibular Social para que o mesmo seja uma porta de entrada para esses estudantes na universidade.
Os estudantes indígenas foram recepcionados pela coordenadora de Formação e Comunicação Sindical do Sintuperj, Bianca Mantovani, que no momento de inscrição desses novos participantes ressaltou a importância da presença de povos originários no projeto marcando uma nova etapa de interação entre o Pré-Vestibular Social do Sintuperj e as culturas indígenas que chegam a esse espaço. De acordo com Bianca, “a vinda desses estudantes indígenas reforça a missão do Pré, que é a inclusão sem qualquer distinção. É claro que precisamos melhorar aspectos de inclusão e acessibilidade, para que esses novos alunos não tenham a sensação de serem ‘corpos estranhos’ no projeto, mas se sintam acolhidos e com o sentimento de pertencimento. É importante que o Sintuperj tenha essa sensibilidade e possa trabalhar para que os povos indígenas e todos os demais estudantes do Pré-Vestibular Social possam acessar o Ensino Superior por mérito, e nós estamos nos preparando para dar esse tipo de condições para todos”. Além das aulas regulares do projeto os estudantes receberão orientação pedagógica, psicológica e vocacional para que possam decidir seus rumos e a escolha da carreira que desejam seguir.
O cacique José Urutau Guajajara, um dos líderes da Aldeia Marak’anà, aponta que a participação dos estudantes de povos indígenas no Pré-Vestibular Social do Sintuperj é importante, mas ressalta que a universidade precisa ter formas mais inclusivas de receber esses estudantes. De acordo com Urutau, “outras universidades, tanto federais quanto as estaduais de São Paulo, tem políticas mais desenvolvidas de acolhimento e permanência para estudantes indígenas, como a realização de um concurso de Vestibular diferenciado, pensado nas especificidades desses povos. E é importante e urgente que a Uerj estabeleça esse tipo de políticas de permanência, já que é uma das universidades pioneiras na política de cotas e se orgulha disso”. Urutau critica o atual modelo de acesso da Uerj pelo Vestibular, que não inclui os estudantes de povos indígenas: “nesse concurso de 2023 apenas três estudantes indígenas conseguiram se inscrever e possivelmente nenhum deles passe. Os nossos estudantes não conseguem sequer concorrer no Vestibular porque não passam da etapa de isenção e a inscrição é cara mesmo para os indígenas que trabalham”.