Dia primeiro de maio. Por si só já é uma data de reflexão sobre o papel do trabalhador na sociedade brasileira e sua colaboração para os rumos do país. Mas neste ano de 2021, no Brasil da pandemia, em que o povo está abandonado pelo governo Bolsonaro e seus apoiadores, a data que marca o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores se torna muito mais do que um marco no calendário, mas um marco na virada do povo brasileiro em busca dos direitos que lhe estão sendo retirados à força.
Não é nova a prática dos donos dos meios de produção de atacar os trabalhadores para garantir seus lucros do capital. Desde o início da Revolução Industrial, o trabalhador é visto como uma mera engrenagem para garantir a produção. Tanto que o desrespeito sempre foi latente: jornadas de até 18 horas diárias, trabalho escravo ou semi-escravo, exploração infantil. As condições de trabalho e o respeito aos trabalhadores só vieram a custo de muita luta, de mobilização, de união dos explorados contra a tirania imposta por quem detém os meios de produção. Em pouco mais de 250 anos do trabalho moderno, os trabalhadores unidos conseguiram garantir jornadas justas de trabalho, salário mínimo e garantias de direitos. No entanto sempre foi necessário que os trabalhadores se mantivessem organizados e vigilantes, pois todo e qualquer pretexto é utilizado para atacar esses direitos históricos conquistados com muito sangue e suor.
No Brasil atual, todos os dias, nos é apresentada a narrativa de que o respeito aos direitos mais básicos e elementares dos trabalhadores são um peso para a sociedade. Garantias mínimas como o 13º Salário (considerado “desastroso” em um artigo do Jornal O Globo em 1962), FGTS e INSS são atacadas todo o tempo por políticos financiados e apoiados por empresários que tem o único objetivo de aumentar seu patrimônio e seus lucros. No Brasil pós-ruptura democrática de 2016 (impeachment da presidenta Dilma Rousseff), os direitos dos trabalhadores são atacados ferozmente tendo como forma palatável a palavra “reforma”, um eufemismo para a destruição do que existe de mais elementar para garantir a tranquilidade do proletariado brasileiro.
Em julho de 2017, os trabalhadores sofreram o primeiro grande golpe em seus direitos. A Reforma Trabalhista transformou a CLT em uma peça de brinquedo e deu poder quase total aos patrões para decidir quando e como iriam explorar seus empregados, sem que lhes sejam garantidos o mínimo de direitos e dignidade. Já em novembro de 2019, o segundo ataque. Foi sancionada a Reforma da Previdência, que hoje praticamente impede que o trabalhador se aposente, além de fazer o mesmo pagar mais para tentar manter o mínimo direito de uma velhice tranqüila. E hoje, neste ano de 2021, a Reforma Administrativa (PEC nº 32/2020) tem o objetivo de dizimar os servidores públicos, que garantem o mínimo de atendimento digno para a população.
Mas não é só no âmbito federal que os ataques estão sendo realizados. No Rio de Janeiro, o governo estadual está articulando um novo Pacote de Maldades com o objetivo de dizimar os direitos dos trabalhadores do funcionalismo público estadual, que são um dos pilares de sustentação da sociedade fluminense.
Vale lembrar que todas essas “reformas” não atingiram e não irão atingir aqueles que estão em posições de poder e servem para garantir os interesses dos ricos, servem apenas para atacar quem deveria estar sendo protegido neste momento tão cruel de nosso país, em que a dor, a morte e o sofrimento pairam na cabeça da sociedade, os trabalhadores, dos pobres, dos desvalidos.
Neste dia primeiro de maio, é importante trazer uma ampla e verdadeira reflexão, que também serve como um chamado àqueles que ainda sonham com um Brasil mais justo. Só iremos alcançar nossos objetivos se retomarmos aquilo que aos poucos fomos deixando de lado, ou seja, a nossa união e solidariedade enquanto trabalhadores. Apenas a nossa força enquanto coletividade poderá fazer com que resistamos aos cruéis ataques cotidianos contra nós, que somos verdadeiramente quem constrói o Brasil.
Não é só por um trabalhador, mas por todos!
Não é só por uma categoria, mas por todas!
Primeiro de maio, Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores!
Ousar lutar, ousar vencer!